quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ah, a Língua Portuguesa!

Há um poema do negro-polaco curitibano, Paulo Leminski - O ASSASSINO ERA O ESCRIBA, que retrata bem o tipo de aula desinteressante de muitas escolas atuais.

O assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski

O metalinguistico poema é uma representação metonímica das aulas de algumas escolas. Não dar vez à alienação [...] torna rico o ensino. Talvez assim muitos alunos deixem de querer esganar o professor como primeiro objeto direto que tiverem à mão.

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