quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tia, Eu Pequei Muito...

Internado durante dois meses no setor de ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Estava só, sem alguém da família que o acompanhasse.

Ele é um menino de rua que fugiu da casa de seus irmãos. Alberto nãos conhece seu pai. Sua mãe morreu e ele sente muito sua falta. Ele é rebelde e agressivo; na hora dos curativos, ameaça e xinga muito as enfermeiras. Mas quando alguém lhe dá atenção e carinho, ganha sua confiança e respeito.

Em nosso primeiro contato, procurei conhecer sua vida e saber do seu problema. Contou-me uma história que mais tarde vim saber que não era verdadeira.

Apresentei-me dizendo sobre minha função no hospital e perguntei-lhe se gostava de ler. Ele me disse que não sabia ler. Assim, combinei que leria histórias da Bíblia para ele, falando do amor de Deus.

À medida em que a gente foi se encontrando, fui lhe apresentando a Palavra de Deus, fui percebendo que ele via Deus como Pai. Alberto mostrou-se muito interessado, sempre querendo estender o tempo dos nossos encontros; talvez porque não recebesse visitas, talvez porque as enfermeiras não gostassem dele, por serem ameaçadas nas horas de curativo… talvez porque ele se sentisse bem em minha presença.

Entre muitos momentos marcantes que tivemos, creio que o mais emocionante foi quando Alberto aceitou a Cristo como seu Salvador, não conseguia orar confessando seus pecados. Ele disse:

- “Tia, eu pequei muito. Eu roubei no farol, usei drogas, fugi de casa… Tia, é muito pecado”!
- Alberto, eu lhe disse, não há pecado algum que Deus não perdoe.

Citei o versículo. “Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus.” Alberto, Deus sabe o quanto somos pecadores, mas precisamos pedir perdão a Deus! Eu também peco e quando falo com Deus sobre os meus pecados ele me perdoa”.

Percebi que Alberto ficou aliviado e me pediu para deixá-lo orar novamente:
- “Jesus, me perdoa porque eu já roubei no farol, roubei uma velhinha,…” e começou a chorar.

Alguns dias depois, numa visita, conversei com Alberto sobre a mentira. Descobri que ele mentia muito, e que a primeira mentira que ele havia me contado tinha sido sobre o seu acidente. Neste momento, ele contou a verdade; queria roubar o macaco do caminhão para trocá-lo por drogas. O motorista chegou, deu partida e, com medo de ser pego, Alberto fingiu estar dormindo debaixo da roda. Assim, o caminhão acabou passando sobre seu pé, ferindo-o gravemente.

Conversamos sobre o assunto, falei sobre o pai da mentira, e dei a ele um voto de confiança. Outras situações envolvendo mentiras aconteceram e eu fui trabalhando seu caráter através de conversas e histórias bíblicas.

Alberto identificou-se com a história de José do Egito, por causa das situações adversas que ele viveu: ciúmes, inveja, raiva, abandono, rejeição…

Quando recebeu alta, toda a sua agressividade e revolta voltaram pois ninguém foi buscá-lo. Retomamos à história de José e vimos como ele confiou à Deus a sua vida, e como Alberto poderia imitá-lo. Oramos, e ele se tranqüilizou.

Sua despedida das enfermeiras foi emocionante. Algum tempo depois, um dos irmãos veio buscá-lo.

Como mãe na fé, confio que Deus está cuidando da alma do Alberto, e intercedo por ele para que a semente que foi lançada produza fruto.

Esta é uma história verídica, vivida
pela equipe de Capelania Evangélica do
Hospital das Clínicas em São Paulo

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