quinta-feira, 12 de abril de 2012

SUPREMO TRIBUNAL X DEUS SUPREMO

O Brasil está às voltas com a decisão do STF sobre a não criminalização do aborto. Enquanto escrevo, como ainda faltam 5 ministros a votarem, não acredito que haverá mudança de curso nessa decisão.

O dilema que se estabelece neste debate é profundo e possui muitas nuances que fervilham pelos argumentos daqueles que são a favor e dos que são contra.

O debate não é novo. Em 1997, o tema já veio à baila quando a discussão girou em torno da autorização para que os hospitais públicos realizassem o aborto nos dois casos previstos em lei: (1) Se a gestação for de risco e não houver meio para salvar a vida da gestante; e (2) se a gravidez for resultado de estupro (Art. 128 do Código Penal de 1940).

Agora, a questão está no direito que é conferido à mulher gestante de um bebê malformado, que não possui cérebro, de decidir sobre a continuidade da gravidez, ou não.

Diante desta realidade, não há como esquivar-se das grandes questões doutrinárias à luz da Bíblia como a Soberania de Deus, Natureza Humana, e Sentido e Direito à Vida. A ética cristã está em xeque e a sociedade quer um veredito – certo ou errado?

Pessoalmente, leio e interpreto a Bíblia por princípios (método gramático-histórico), e princípios são maiores que regras. Regras mudam. Princípios são eternos. Por outro lado, no afã do pragmatismo conclusivo, vemo-nos obrigados a “bater o martelo” e definir uma nova regra do jogo da vida.

O desafio da ética é definirmos o que se decide por princípios, ao invés de decidir por regras.

Não podemos ser simplistas quando o assunto é tão complexo. Não encontramos na Bíblia uma resposta objetiva e específica sobre o assunto (os escritores bíblicos não tinham Ultrassonografia para tratar o assunto).

Usar o 6º mandamento como argumento contra a decisão do STF é simplista, se o próprio Jesus ampliou de maneira imensurável a abrangência e o alcance deste mandamento à palavra, ao pensamento e ao coração (Mateus 5.21-22).

Do outro lado da moeda, estão as inquietações no que tange ao valor da vida e a própria definição do que seja vida propriamente dita.

O binômio “direito x dever” não é uma equação fácil de ser resolvida - direito de viver, direito de escolher, direito de ser livre, direito de Morrer...

O que não pode ser ignorado neste debate é o estatuto da RESPONSABILIDADE!

Todo e qualquer direito requerido nos remete às responsabilidades advindas do exercício da liberdade – “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convém”. Cito o ministro Lewandowisk, que faz um alerta ao abuso da liberdade e do direito: “o aborto de fetos anencéfalos, ao arrepio da legislação existente, além de discutível do ponto de vista científico, abriria as portas para a interrupção de gestações de inúmeros embriões que sofrem ou viriam sofrer outras doenças genéticas ou adquiridas que de algum modo levariam ao encurtamento de sua vida intra ou extrauterina.” A liberdade e o direito sem o senso de dever e de responsabilidade é libertinoso e arriscado.

Não sou adepto do discurso meramente religioso, muito menos me ladeio às fileiras do liberalismo. A questão é que o tema é amplo sobre todos os aspectos e, num espaço editorial pequeno como este, não cabe toda a argumentação, seja a favor ou contra. Por isso, eu sintetizo:

  • Em princípio, e por princípio, sou pela vida!
  • Em princípio, e por princípio, não é a ciência que vai determinar se há ou não vida. O conhecimento muda, altera-se, movimenta-se. O que se diz hoje que é, amanhã outro postulado dirá que não é. Parece-me que o raciocínio da ciência é reverso quando o assunto é a Eutanásia...
  • Em princípio, e por princípio, não outorgo ao Supremo Tribunal a investidura que pertence unicamente ao Deus Supremo.
  • Em princípio, e por princípio, careço de Deus para discernir entre o certo e o errado. Por isso, clamo por sabedoria.
  • Em princípio, e por princípio, ainda que a lei dos juristas me permita, há uma lei moral escrita no coração que está acima de tudo. E dela, sim, é que darei contas diante do tribunal que não é supremo, mas é ETERNO.

7 comentários:

Armindo Junior disse...

Caro pastor

Concordo com os seus comentarios e é muito oportuno quando algum cristão se manifesta, mas queria salientar uma ideia que talvez deixamos passar desapercebida. Matar alguém é um fato que foge do nosso controle, mesmo tendo lei penalizando o matador pessoas continuam matando e isso nao vai parar tão cedo, porque vivemos num mundo caido.
Matar, seja um "inocente" ou um "consciente" não faz diferença nenhuma, os dois atos são condenáveis. Mas parece que matar um inocente, um embrião, é dado uma atenção extraordinariamente maior. Por que não se dá uma atenção maior para a matança de adultos? Se vivemos em função da eternidade, e essa vida aqui é passageira, a morte de um inocente do ponto de vista eterno é melhor do que de um adulto que nao aceitou Jesus como seu salvador. Muitos adultos morrem por ai e não se vê movimentos contra essa matança.
Sabemos que a lei não evita o pecar porque somos pecadores. A única solução para evitar o pecador de pecar é o Espirito Santo vivendo dentro dele. Portanto, se os pais de um feto defeituoso optam pela vida ou não dele é um problema pessoal deles, é um pecado ou não que eles terão de prestar contas diante do tribunal eterno. Se Deus está no controle de tudo, e os governantes só o são porque Ele o quer, por que vivemos nessa dicotomia de aceitar somente as coisas convinientes para nós? Por que nos calamos para os governantes que montam seus exercitos que matam e vão matar pessoas? Qual a diferença um bandido, assassino ou um indesejado? Pessoas estão e estarão sendo mortas sem a expressa autorização de Deus.
Acho que nosso papel como cristão não é lutar contras leis que nao estao de acordo com a etica crista, mas educar as pessoas que fazem as leis para que elas seja conscientes da etica de
Deus. Um dia esses adultos que fazem as leis foram crianças e tiveram pais que lhes ensinaram a viver da melhor habilidade deles. As crianças de hoje serão as que farão as leis futuras; elas levaram o legado que lhes será transmitido hoje. Israel somente se desviava de Deus quando os pais deixavam de ensinar as leis de Deus, e quando os lideres religiosos deixavam de ensinar as leis de Deus para os pais. Hoje não se ensina muita coisa. Ética cristã já foi para o beleleu a muito tempo. Pastores não falam mais abertamente contra o pecado. Mulheres nas igrejas usam decotes provocantes e pastor nenhum tem coragem de falar contra isso com medo de perder membros. Pessoas ricas e empresarios crentes vivem uma dicotomia crista e nenhum pastor prega sobre o assunto. Por que?O culto hoje é frequentado somente se tem um bom louvor ou um atrativo, mas estudar as leis de Deus que é bom ninguem o quer. Dúvido que se um domingo o pastor de uma igreja tomasse o tempo do culto para estudar a Bíblia sem ter aquela parafernalia de louvor e numeros especiais estaria com a igreja cheia como habitualmente. Não, a maioria não quer aprender, porque desde crianças não foram acostumados a serem ensinados pelos pais, e os pais são ignorantes da Palavra porque pastores não estão preocupados em ensinar; estao preocupados em presidir a igreja do que ensinar a palavra.
Portanto, de novo, aprovar ou não a decisão do supremo tribunal não fará diferença nenhuma, a matança vai continuar cada vez mais e os ensinos da Palavra de Deus vai continuar cada vez menos enquanto os lideres espirituais não mudarem sua filosofia de vida.
Armindo Lobato

Carlos Terra disse...

Caro irmão Armindo, talvez... e repito, talvez, a sua conclusão com uma apologia ao ensino seja um tanto quanto inapropiada em relação a afirmação de que a aprovação ou não desse tipo de lei não fará diferença alguma! Ainda mais imputando a culpa na filosofia de vida de pastores! Concordo e entendo que, quando falamos de pastores deveríamos ter como referência, o Absoluto Pastor, portanto os nossos estão sujeitos a todo tipo de avaliação aquém do esperado, mas... eu pergunto: o que diremos quando nos olharmos para dentro de nós, o que veremos lá? Em Jesus, encarnado estava o Divino; daí, as conclusões vão além da coerência, ou seja, um homem chamado ao pastorado deve, antes de qualquer decisão que o leve a um seminário, ter esse divino em si. Portanto, não há filosofia de vida que se possa mudar um Pastor; até nesmo um diácono, um presbítero, um crente sem título... somos todos, testemunhas, ou espelhos, carta, perfumes de Jesus, o Cristo. Além disso, também devíamos seguir o entendimento do profeta que, antes de qualquer coisa, ao olhar o seu povo longe do Senhor, na sua petição pediu perdão. Todos deveríamos lamentar e nos sentir culpados por não levarmos Cristo as pessoas e estarmos onde estamos!
É bem verdade que o ensino é a prevenção, de males! Semelhantemente, ocorre com a saúde de nosso humilhado país!... Achamos que cuidar da saúde é somente tratar doenças! Deixaremos, então, de construir hospitais para canalizar o esgoto a céu aberto, ou fazermos ambos, ou é mais premente denunciarmos o vírus da corrupção??? Creio que podemos agir nas três frentes.
Ao considerar esta linha de raciocínio, não poderei concordar com o espírito de sua frase que afirma: "aprovar ou não aprovar a decisão do supremo não fará diferença". Esta pequena afirmação é danosa e contrária a nossa linha de ação cristã, mesmo se for o futuro constatarmos que não fez diferença! A manifestação profética de condenar os feitos de quem quer que seja, mesmo no poder é bíblica. Eu, então, ficarei calado??? A Justiça vem antes da lei... e o que se torna legal pode não ser legítimo... Pode um pastor escrever ou se utilizar de quaquer parafernália para ser um Jeremias midiático? Não calemos em discernir os "pastores" abusadores de uma fé que não tem, e em acusá-los de ensinarem errado (o que, a meu ver, é mais diabólico) mas também não deixemos de opinar e, principalmente, agir e advertir os governantes e legisladores que perderam a noção de seus serviços, NEM QUE NÃO DÊ EM NADA, mas nós nos levantaremos sempre!... seja qual for o homem ou o seu desvio!
Graça e Paz!
Carlos Terra

Armindo Junior disse...

Caro Irmão Terra
Talvez tenha passado desapercebido do irmão o inicio do meu comentário que disse que concordo com o que o pastor Purin escreveu e que é muito oportuno quando um crente se manifesta. O que eu quis resaltar além disso foi "cade as manifestações para a matança de adultos?" Ainda não vi nenhum pastor, presbitero, ou seja que titulo eclesiástico for, se manifestar contra a matança dos adultos, ou conscientes do pecado, que morrem sem Cristo e provavelmente vão pro inferno.
O que o Supremo Tribunal aprovou ontem foi muito racional do aspecto humano, e é isso que somente eles podem fazer, e é o maximo que podemos esperar deles. Agora se um crente tem uma experiencia dessa, é opçao dele diante de Deus abortar ou não, mas não espere uma decisão de não abortar de alguém que não tem ética cristã, mesmo que a decisão do Supremo fosse contrária, por isso falei que a mantaça sempre continuará até que uma consciencia geral de ética de Deus seja a supremacia no ser humano.
Se o irmão concorda que como modelo devemos ter todos nós, seja pastor, presbitero e chamados para a vocação cristã, o Supremo Pastor, que segundo minha interpretação do que você disse possui o Divino, e é um modelo muito difícil de ser seguindo, e a filosofia de vida de Jesus não pode ser contestualizada para os crentes de nossa época, meu caro irmão, filosofia de vida cristã não pode ser mudada do original. Como bem disse pr. Purin, são princípios eternos. Se um totalmente humano chamado Paulo imitou a Cristo e foi o maior modelo cristão que o mundo ja conheceu, se os pastores de hoje quiserem mudar suas filosofias de vida têm pleno exemplo a ser seguido. Mas o irmão sabe que não é o que acontece. Na minha experiencia cristã ainda não vi um pastor que tenha a abnegação que Paulo teve. Pode existir, mas não conheço. Ouvi da boca do próprio pr. Caio Fabio, que não possui bens nesse mundo, e vive literalmente de fé. Não sei os detalhes disso, mas o simples fato de que alguém que não buscar acumular bens materiais e investe no reino para mim ja se asselha muito a Paulo.
Confesso ao irmão que sou um dos piores pecadores. Não tenho lido a Bíblia como deveria, não tenho orado sem cessar, não tenho amado minha esposa como Jesus amou a igreja, por que ainda sou muito egoísta. Até mesmo gastar esse tempo no computador para escrever isso ao irmão tem sido egoísmo, pois poderia estar ajudando minha esposa a limpar a cozinha. Mas mais que isso, não tenho evangelizado como devo. Tenho falado de Jesus no meu trabalho, o maior contato com o mundo que tenho, mas acho que não tem sido suficiente. Ainda esta semana quase fui despedido do meu trabalho porque comentei que quem pagava o meu salario não era o gerente e sim Deus. Já fiquei marcado como o crente, e todos estão de olho em mim. Mas acho que isso ainda está muito aquem do meu chamado.
Confesso ao irmão que outro dia tive inveja dos Testemunhas de Jeová que bateram na minha porta. E para minha vergonha, durante a conversa que tivemos, um deles falou: você parece tão convicto que tem a verdade, mas você está obedecendo a verdade? Voce está fazendo o que eu estou fazendo agora, tirar um pouco do seu tempo livre para bater na porta dos outros e falar de Jeová? Meu irmão, se tem pastores tão convictos da verdade e não estão fazendo isso, como é que podem ser exemplo para o rebanho? Como dizia um amigo meu, a pessoa mais facil de se encontrar é um pastor, ele estará no gabinete pastoral (sempre)... continua

Armindo Junior disse...

continuacao...

Por isso digo, a começar dos pastores, temos que mudar nossa filosofia de vida.
Desculpe me alongar, mas somente quero deixar claro que não fiz nenhuma apologia do silencio, mas sim apologuei para que o grito fosse mais alto para os que morrem sem Jesus. Em ultima analise, muito simplista, os inocentes automaticamente já herdam o reino de Deus. E talvez o mundo não vai mudar. E talvez mudaria se os convictos da verdade não estivesse se importando com a vida passageira desse mundo, e estivessem sendo como João Batista, que falou na cara de Herodes que ele era um adúltero, mesmo sabendo que isso iria lhe custar a vida. Mas acho que amamos mais a vida do que falar a verdade que nos foi incumbida. E mais uma vez digo, se os pastores e lideres religiosos não mostram o exemplo a ser seguido nada vai mudar, continuaremos na mesma mesmice crescendo a conta gotas.
Mas honestamente, finalizado, não estou supresso com tudo isso. Quem sabe estamos caminhando para o advento final, quando Jesus falou que a vinda do filho do homem seria como nos tempos de Noé que se casavam e dava-se em casamento. Já estamos vivendo isso, talvez nao na sua plenitude porque Jesus ainda não voltou, mas não ficarei admirado se daqui a uns dez anos a filosofia gay seja considerado o natural.
Abraços de Graça...
Armindo

Carlos Terra disse...

Caro irmão Armindo,
Entendo que não fez "apologia ao silêncio". Quero aqui, antes de qualquer argumento, te PEDIR PERDÃO por minha falha em não reconhecer a igualdade de condições que você reivindicou...  no trato das questões sobre a violência banalizada! Peço que, ao ler os comentários  as abaixo, leve em consideração que as palavras escritas são frias, pois não podemos nos ver e nem perceber o tom manso de nossa voz.

Armindo, se eu for indiscreto, me perdoe novamente, mas não pude deixar de perceber que há algum ressentimento quanto a figura pastoral em seus escritos!  NÃO O CONDENO, POR FAVOR!!!  Será que, por estarmos expostos a esse "evangelho de mercado", estamos ficando menos criteriosos no que queremos ver? Será que não podemos encontrar nenhum pastor que vá buscar e defender ovelhas fora do aprisco?   Será que só temos mercenários e lobos travestidos de ovelhas? Garanto ao irmão que, apesar dos poucos exemplos que possamos ter, existem sim pastores dispostos a defender a vida nas mais variadas situações e concorrendo, conscientemente, aos mais diversos riscos. Generalizar não expressa uma verdade, no máximo é uma opinião!... alguns poderiam dizer que é exacerbada por causa desse momento "gospel" que vivemos!

Acho que o povo de Deus está vendo TV demais, ouvindo rádio gospel demais, buscando escândalos de políticos evengélicos demais... o caminho é estreito e não vamos encontrar Elias, Isaías, Ezequiéis e tantos outros homens de Deus por aí a "dar com pau" (se me permite a gíria). É como você quis dizer: Palavra que é boa... nada!!!  Mas, pensando melhor... fugindo da generalização... quase nada! 

Um exemplo: Neste último domingo, pregou na igreja onde congrego, um pastor chamado Ulisses. Ele e sua esposa tem um trabalho excepcional junto a desvalidos. Ele pertence a uma igreja, mas resolveu estabelecer dentro de sua casa uma congregação com o fim de levar Cristo àquelas pessoas!  Não daria para eu te escrever todo este testemunho... Assim como esse nosso irmão, poderia citar inúmeros homens tão valorosos quanto o apóstolo Paulo... pastores e outros que conheço (não apenas conhecimento) que foram e são tão excelentes modelos de homens como homens devem ser... assim como Paulo, eles julgam-se os mais miseráveis pecadores!... Paulo assim se descrevia!    Eu preciso prestar atenção no que nos mostram para não perder meu discernimento, bem como minha compaixão por esses homens (e são somente homens) Chamados por Deus.

Se me permitir, vou continuar fugindo do assunto da Lei já aprovada pelo Supremo... vou pontuar mais alguns assuntos do seu último comentário.

Carlos Terra disse...

Jesus X pastor - Apesar de eu não ter escrito que o Supremo Pastor "é um modelo  muito difícil de ser seguido", afirmo com suas palavras que Ele o é!  Mas isso não quer dizer que  não se possa prosseguir para este alvo!... abordei uma comparação não a impossibilidade de segui-lo!
Uma pequena correção de curso - Paulo escreveu para que fôssemos imitadores dele como ele foi de Cristo; com isso quero entender que ele apontava para a imitação (o Caminho) e não para si... e não para maior modelo... embora eu também possa considerá-lo como tal.
É claro que podemos supervalorizar Paulo dessa forma, mas tenho sérias dúvidas se ele aceitaria esta posição que o colocamos.
Para ratificar nossa opinião e a de Paulo, cito: "cada um considere os outros superiores a si mesmo".  Em suma, apenas apelei  para agirmos com misericórdia e equilíbrio quando nos dispomos a confrontar a humanidade de um pastor com Jesus.

Filosofia de vida - Quanto a "filosofia de vida", ainda não entendi a aplicação dela na vida do cristão... acho que divergimos quanto ao conceito dessa expressão!  De maneira bem simplória, entendo que a filosofia de vida pode ser definida como uma concepção que interfere nas atitudes (modo de agir e reagir) de um indivíduo mas nela não há absoluto, e sim muitas verdades, afinal eu posso ter uma filosofia de vida e você outra...  Me perdoe, mas ainda acho que filosofia de vida é incapaz de transformar uma pessoa.  No mínimo, insuficiente. Mas, como não compreendi seu conceito, o respeito!

Caio Fábio - Admiro sua sabedoria e verdadeiramente aparenta um desprendimento (mas não vive numa casa igual a do Pr. Ulisses-bem carente... por outro lado, não se parece com Paulo, pois este trabalhava; era fazedor de tendas). O Pr. Caio é um exemplo de um homem que soube receber o perdão de Deus... Quando caiu não recusou a mão de Deus!... Um grande exemplo nesse aspecto!  Mas, se tivesse que comentar algo que me desagrada nele seria o tempo que perde, por vezes, falando subliminarmente de si quando degrada os pastores controversos que o atacaram covardemente!  Na minha humilde opinião, pediria a você que não deixe de ouvi-lo quando ele falar de Jesus, bem como outros homens de Palavra! 

Por fim, mais uma vez, se me permite, oro a Deus:
Senhor, retire de nós toda o ressentimento, renova em nós a esperança para, com ela resistirmos a nossa autocomiseração; renova a nossa fé para, com ela, resistirmos ao ataque da insegurança e do homem mau que nos ameaçam;  renova nosso amor e misericórdia pelos homens que nos dirigem, sejam autoridades do governo ou eclesiásticas, sem nunca descansar em mostrar tua verdade para, dessa forma repreendê-los em amor.  E que o seu Santo Espírito,  como Cristo nos disse, nos faça vir à memória tudo aquilo que o próprio Jesus nos ensinou para não nos desviarmos com qualquer vento de doutrina. Amém.

Carlos Terra disse...

Voltando ao "post" do Pr, Purin, o que acham da visão do texto abaixo?

O amor e a dor por um futuro que não virá

O que acaricia uma mulher recém-grávida quando passa as mãos sobre a sua barriga que ainda nem começou mostrar sinais? Na sua imaginação, é o seu neném que ela acaricia; mas se olharmos friamente, esse embrião ou feto ainda não desenvolveu órgãos e o sistema nervoso para que pudesse ser chamado de neném. No fundo, a futura mãe acaricia o futuro que deseja. Ela sabe que carrega dentro de si o seu filho ou sua filha, mesmo que ainda não é, porque a realidade não é feita somente do que é no ato, no momento, mas também aquilo que pode ser, a promessa que o presente carrega dentro de si. Aristóteles já nos ensinou que o que chamamos de real está composto do que é em ato e a potência, aquilo que pode ser.

O amor ao futuro que pode ser e que é desejado alimenta nossa esperança. Essa capacidade de ver o que ainda não existe, de viver a vida como se o futuro deseja já estivesse presente mesmo que de modo invisível, tem a ver com a fé. Essa articulação entre o que existe e a promessa do que pode ser melhor é uma característica do modo humano de conhecer e viver.

Em tudo na vida, desde a gravidez até lutas sociais e políticas revolucionárias, passando por situações cotidianas como sair de casa para ir a cinema, vivemos essa "mistura” entre o presente e o futuro e, portanto, também o passado.

O debate em torno da permissão ou não da interrupção da gravidez de um feto anencefálico tem muito a ver com essa perspectiva do futuro. O STF decidiu que um feto sem cérebro, por não ter possibilidade de viver após o parto, não é uma vida humana e, portanto, a interrupção da gravidez não se caracteriza como aborto. O que estava legalmente em discussão não era o aborto, mas se fetos com essa anormalidade são ou não portadores de vida humana, isto é, se tem possibilidade de se tornarem ou se realizarem o seu potencial de ser humanos.

As mães que decidem levar esse tipo de gravidez adiante, provavelmente, fazem isso por amor ao que poderia ter sido! Desejam viver com amor, no presente, o futuro que não poderá acontecer. Mesmo que isso seja por curto tempo e carregado de dor e angústia por saber antecipadamente do final triste. As mães que preferem interromper, provavelmente, fazem isso por sentir que a dor da interrupção do futuro desejado é demasiada para suportar. Preferem interromper a gestação porque o futuro que se encaminha é tão triste e doloroso que o presente se torna insuportável. Não interrompem a gravidez porque rejeitam a criança, mas porque não suportam no presente a dor prevista no futuro próximo.

Como podemos julgar essas mulheres sem passar na pele essa situação tão dramática? Se não nos colocamos no lugar das pessoas que sofrem, nossos juízos pretensamente éticos, baseados em valores pretensamente eternos, não passam de juízos moralistas. Isso vale para todos os casos em que há muita dor envolvida, casos em que nenhuma resposta dá conta de modo definitivo.

[Aautor, com H. Assmann, de "Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres”. Twitter: @jungmosung].

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