No culto da noite do domingo passado, compartilhei com a igreja uma mensagem baseada em Lucas 7.36-50. Nessa passagem encontramos Jesus tendo seus pés ungidos por uma mulher pecadora.
Tal fato revela mais um confronto entre Jesus e os religiosos de sua época. A narrativa traz à luz a disparidade entre a maneira de Deus agir e a maneira como nós homens temos a tendência de lidar com a religiosidade, com o pecado e especialmente com os pecadores do nosso tempo.
A transformação dessa mulher pecadora mostra a diferença que há na graça de Deus em contraste com a religião dos homens. Gosto de pensar que a melhor definição da graça não vem dos arcabouços teológicos (dom imerecido). Para mim, graça é o jeito de Deus me amar!
Enquanto não aprendermos e vivermos o amor do jeito de Deus amar a gente, continuará existindo um abismo entre o que dizemos crer e o que efetivamente mostramos ao mundo. Pense comigo:
1. A GRAÇA NÃO DISCRIMINA - O texto diz claramente que a mulher era pecadora, e Jesus sabia disto. O pecado dela não causa repulsa em Jesus. Não o afasta. Ao contrário, ela sente-se atraída. Ainda que indigna, ela quer mudança e se aproxima. Quebranta-se diante da glória, pois sabe que é a última possibilidade. Jesus a recebe. Ela a aceita como está. De início, isso basta!
A religião, por sua vez, incrimina. A religião “levanta a ficha”. Está preocupada com causas e efeitos, com culpas e responsabilidades, com punições e castigos. A religião cria filtros para os que querem se aproximar e insinua: “você não é dos nossos!”
A graça, porém, diz: “venha a mim, você que está cansado e sobrecarregado”.
2. A GRAÇA NÃO VÊ PELO RETROVISOR - Jesus estava vendo o que a graça de Deus e o poder do Espírito Santo poderiam fazer na vida daquela mulher. Ele vê além das aparências. Jesus sabe no que pode se tornar aquele que é alcançado pelo seu amor. É nisso que ele está interessado. Não leva em consideração o que fomos, mas no que nos tornaremos.
Ouvi de alguém que a religião é “arqueológica”, pois mantém os olhos no passado. Os fariseus estavam vendo o que ela havia feito, considerando apenas o passado, calculando todos os seus pecados, pesando todos os seus erros, somando todas as suas falhas e dizendo: não há quem pague a sua dívida.
A religião condena: “você nunca conseguirá!” A graça, porém, proclama: “eu lhe aliviarei”.
3. A GRAÇA É BASEADA SUFICIENTEMENTE NA FÉ - A única coisa que Jesus levou em conta foi a fé que aquela mulher demonstrou, com o seu ato de arrependimento e de humilhação e desprendimento. Basta!
A religião baseia-se nos méritos humanos e nas suas obras. A religião pensa: “ela não faz as orações que nós fazemos; não faz os jejuns que nós fazemos; não vai à sinagoga, não vai ao templo oferecer nem uma pomba em sacrifício, não usa o que usamos, não fala como nós falamos, ela não tem o que nós temos”.
A graça, porém, liberta: “é por meio da fé, não de obras para que ninguém se glorie”
Enquanto a religião gera culpa e desespero, a graça gera arrependimento e paz. As lágrimas que lavaram os pés de Jesus revelam a dor de um coração partido, as lágrimas demonstram a disposição em se entregar totalmente, o perfume reflete a prontidão em seguir.
Que a graça nos guie. Que a graça nos sustente. Que a graça seja vista em nós!
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