Temos vivido dias estarrecedores diante de tamanha calamidade que atingiu mais uma vez o nosso estado do Rio de Janeiro. Parece que poderemos incluir em nosso calendário anual, no mês de janeiro, que seremos frequente e regularmente tomados por transtornos imensuráveis causados pela força da natureza. Em 2009, foi em Angra dos Reis. Em 2010, no morro do Bumba. E agora, em 2011, a região serrana, mais especificamente as cidades de Petrópólis e seu distrito de Itaipava, São José do Rio Preto, Teresópolis e Nova Friburgo.
No momento em que escrevo estas dolorosas linhas, as vítimas fatais já ultrapassam, em números oficiais, 360. Quão terrível será contabilizar mais 500 mortes até o fim de tudo isso!
Ao ver as imagens dos deslizamentos, desabamentos e alagamentos, fico chocado e me vêm lágrimas nos olhos. Lembro-me das palavras de Victor Frankl: “Deus espera que não o decepcionemos e que saibamos sofrer e morrer, não miseravelmente, mas com orgulho!” Mas como, Senhor?!?!
As palavras de Habacuque solidificam o entendimento de Frankl: “ainda assim eu exultarei no SENHOR e me alegrarei no Deus da minha salvação. O SENHOR, o Soberano, é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; faz-me andar em lugares altos”. (Hab 3.18-19)
Percebo duas verdades inexoráveis no meio dessa calamidade: (1) somos pequenos, finitos e fracos nesta vida; e (2) a dor tem a capacidade de despertar virtudes guardadas e petrificadas no coração do ser humano. Concluo: nem tudo está perdido!
Admito ser difícil confirmar isso no coração de quem sofre a perde de 15 familiares de uma só vez, ou de pais que perderam seus filhos bebês, cônjuges que perderam seus amados. Enfim, como já cantou Sérgio Pimenta: “só quem sofreu, sabe avaliar quem sofreu...”
Mas firmo-me nas palavras do profeta para ter esperança, e dizer mais uma vez: nem tudo está perdido. Se somos fracos, dependemos de um Deus que não muda. Ele não mudou os montes de lugares. Nós é que nos mudamos para o sopé deles. Os rios seguem seus cursos. Nós é que criamos barragens e insistimos teimosamente em viver perigosamente às suas margens. Se sofremos, encontramos solidariedade que, em circunstâncias normais permanecem trancadas no coração de cada um. Nessas horas vimos mobilização, entrega, abraços, ombros. Ainda tenho esperança. Deus a renova em mim.
Victor Frankl, mais uma vez, que viveu e venceu o campo de concentração na 2º Grande Guerra, afirma que “uma das principais características da existência humana está na capacidade de se elevar acima das condições biológicas, psicológicas e sociológicas, de crescer além delas”. E mais: “quando já não somos capazes de mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós próprios”.
Será um recomeço difícil. Porém, possível! Que Deus, que não muda, mude nossos corações trazendo alegria no lugar do choro, esperança no lugar do desespero. Que esta tragédia, mais uma vez traga lições preciosas para toda a humanidade.
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