quarta-feira, 23 de abril de 2008

ECUMENISMO – As Duas Faces do Movimento

Desde os seus primórdios, no século 19, o movimento ecumênico se esforça para estabelecer diálogo e aproximação entre os mais diversos movimentos cristãos do mundo.

Tendo como objetivo principal promover a cooperação das igrejas nas ações sociais, o movimento tem se apresentado como uma das mais contraditórias ações do Cristianismo.

Se por um lado, o discurso ecumênico busca apresentar caminhos para atender às necessidades mais profundas da humanidade, por outro abre a guarda da defesa dos fundamentos invioláveis da fé cristã no que tange a moralidade e a ética, com o objetivo de obter um maior número possível de adeptos.

Os defensores e idealizadores do Movimento Ecumênico esmeram-se para elaborar princípios de leitura e de ação que viabilizem o convívio pacífico entre as várias igrejas cristãs existentes, baseados na tolerância e aquiescência. Entretanto, o idealismo esbarra na complexidade do diálogo.

A proposta ecumênica está fundamentada numa interpretação livre das palavras de Jesus em sua oração sacerdotal registrada no Evangelho de João, capítulo 17: “...que eles sejam um, como eu e tu somos um...”

A questão exegética fica prejudicada, uma vez que a aplicação das Escrituras parece não levar em consideração o objeto da intercessão do Mestre – seus seguidores.

Em face desta questão, a ideologia ecumênica firma-se numa linha frágil de sustentabilidade, pois Jesus referia-se a unidade de fé e não de práticas – muito menos religiosas. E o catolicismo, quando fala de unidade da fé, expressa-se na fé católica e não na fé cristã.

Teoricamente, o Movimento Ecumênico propõe o resgate da unidade de fé, mas na prática determina a tolerância e aceitação de todo tipo de expressão da mesma, mesmo que isto coloque em jogo os fundamentos conservadores da moral e da doutrina cristã apostólica.

Ainda que se afirme o contrário, o que se vê é um esforço para que a tão almejada unidade se estabeleça pelo retorno, ou pelo menos à conivência, com os tradicionais dogmas do romanismo. A própria ICAR relata que o maior desafio é fazer com que o protestantismo mude o seu discurso que é chamado por Roma como “pregação anticatolicista”, aproximando-se de uma postura advogada e denominada por ela de “respeito ao diálogo entre os diferentes”.

Wolff em seu livro “O Ecumenismo do Brasil” afirma que “(...), a abertura para o diálogo ecumênico por parte da Igreja Católica, não implica em assumir uma atitude passiva diante da perda de seus fiéis. É condição para o diálogo o não-proselitismo. Esse é combatido com todas as forças, e com ele não existe diálogo.” (p.63) Grifo meu.

Ora, se a própria ICAR estabelece um limite para o diálogo ecumênico, torna-o inviabilizado, revelando que não é apenas unidade, mas conformidade de métodos e práticas que na verdade motivam o ecumenismo cristão.

Entretanto, se o diálogo se estabelece no patamar na transformação da sociedade através de ações na direção dos aspectos sócio-político-econômico-cultural, cria-se um campo favorável à unidade das Igrejas na tentativa de buscarem juntas as respostas às questões oriundas da realidade.

Mas a questão vai mais além do que ações sociais. A realidade que se apresenta é que sempre estarão em voga os aspectos da religiosidade, pois a visão cristã não dissocia as necessidades humanas do indivíduo das suas necessidades espirituais. O homem, em sua plenitude, precisa de respostas, incluídas aquelas referentes ao transcendente.

Segundo Wolff, a ICAR continua encarando as outras confissões cristãs não-católicas como sendo imperfeitas em suas instituições. Logo, um diálogo pode significar submeter-se à “perfeita” instituição de Roma.

Ainda que o discurso ecumênico afirme que a unidade não significa uniformidade, o que se percebe é que, na prática a aproximação entre as várias linhas cristãs deverá tender submeter-se à égide romana.

Há quem interprete o movimento ecumênico como uma continuação, ou resquício, do movimento da contra-reforma que intencionou reverter o êxodo de fiéis católicos para a profissão da fé protestante.

Concluindo, ainda que o movimento ecumênico se diga uma resposta à necessidade de aproximação de todas as manifestações religiosas, ele é contraditório. De um lado ele é um esforço para o diálogo e para a cooperação entre grupos cristãos muito diversos, além de buscar soluções para alguns problemas graves da atualidade. Por outro lado, seu interesse em arrebanhar o maior número de adeptos, o tem conduzido para o relativismo teológico, além de abrir e de negociar valores da sociedade secular que contrariam os princípios bíblicos atemporais da moral cristã. Se tivermos de abandonar palavras tais como pecado, salvação, condenação, transformação e regeneração o movimento ecumênico se apresenta como a grande apostasia da genuinidade do caráter de Cristo formado em nós.

Não vale a pena!

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