quarta-feira, 23 de setembro de 2009

POR QUE COISAS RUINS ACONTECEM A PESSOAS BOAS?**

**Mensagem pregada no dia 20/09/2009 no culto da noite da Igreja Batista do Méier.

Em Êxodo 5.22 encontramos o desabafo de Móisés: “Por que, Senhor, maltrataste este povo?” Não são poucas as vezes em que temos vontade, e até chegamos ao ponto de dizer isso pra Deus também?

Na semana que passou, um amigo disse-me que eu estava muito calado e introspectivo... as últimas experiências me levaram a uma momento de quietude diante de Deus, sim!

Você já tentou explicar ou mesmo compreender, por que coisas ruins acontecem a pessoas boas? Negócios fracassam; empregos se perdem; dificuldades financeiras ocorrem; entes queridos contraem enfermidades sérias ou morrem. “O que fizeram para merecer isso?” – nos perguntamos.

O outro lado da moeda também é intrigante: por que coisas boas acontecem a pessoas más? Por que injustos enriquessem, por que criminosos estão à solta, por que a justiça não se aplica de forma cabal e definitva?

O rabino Harold Kushner escreveu um livro na tentativa de oferecer recursos e entendimento a partir das Escrituras do Antigo Testamento para enfrentarmos o sofrimento humano. É um livro muito bom de ser lido.

A questão é que esse tema é tão antigo quanto o é o ser humano. Platão e outros, passando por Epicúro, chegando a filósofos da modernidade e teólogos contemporâneos se assentam para buscar e tentar encontrar sentido e significado em meio às lágrimas e dores que temos de enfrentar.

A maioria de nós sustenta uma visão de “causa e efeito” na vida. Se você faz algo errado, enfrenta as consequências. Mas, e quando você não fez nada errado, como lidar com coisas ruins?

Muitos respostas na religiosidade, que é a busca do homem de ser bom o bastante para agradar a Deus.

A questão é que Deus não possui filhos prediletos!

Tenho confirmado a cada dia que é impossível ao finito compreender e explicar o infinito.

Lembro-me da fase em que a Letícia era bebê e tínhamos um calendário de vacinação para cumprir. Em duas situações particularmente as lembranças ficaram marcadas para sempre: a primeira quando do exame do pezinho, e a segunda quando a levamos numa clínica de vacinação em Copacabana. Se ela pudesse formular argumentos diria (pelo menos, eu diria isso...): “Quanto horro! Por que tanta dor? Não estou acreditando que vocês me trouxeram a esse lugar pra isso” Vocês traíram a minha confiança! Eu achava que vocês me amavam...”

Eu nunca tive dúvida do meu amor por ela. Sempre soube o que estava fazendo. Sabia que aquela dor era necessária. Tenho confessar: parecia doer tanto em mim, quanto sabia estava doendo nela.

Para piorar as coisas, hoje temos uma mensagem pregada que é aberração na perspectiva dos ensinamentos bíblicos.

A chamada doutrina da prosperidade severiza as consequências negativas do enfrentamento inevitável da dor e do sofrimento humano. Ao invés de dar paz e conforto, tal mensagem gera culpa e inconformidade. Resultado: gente frustrada por todo lado! É uma mensagem que atua como praga daninha! Suga os recursos, utiliza-os em finalidades escusas, esvazia o entendimento, cega a visão, destrói o coração, corrompe a fé.

A Bíblia oferece recursos para enfrentarmos a dor, as perdas e o sofrimento. Ao contrário, nossa cultura não nos prepara para isso.

Recursos não são, necessariamente, respostas. O que Deus disse a Móisés? Espere e verá que no fim tudo dará certo.

Alguns indicativos da Palavra para os que sofrem:

1) Algumas coisas ruins são produtos do mundo decaído que nos cerca. “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também” (II Timóteo 3.1-5).

2) Mesmo coisas ruins podem ser usadas por Deus para o bem. “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propósito” (Romanos 8.28).


Kushner afirma: Ao invés de insistirmos nos porquês, a formulação melhor é: “Se isto me aconteceu, que faço eu agora, e quem está aí para me ajudar?”


3) A dor que enfrentamos é sempre uma oportunidade de descobrirmos algo novo acerca de Deus e de nós mesmos. “Antes eu te conhecia apenas de ouvir falar, mas agora os meus olhos te contemplam” (Jó 42.5)

4) As Escrituras são o recurso de todas as épocas para se lidar com circunstâncias boas ou ruins da vida. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus retos juízos. Estou aflitíssimo; vivifica-me, SENHOR, segundo a tua palavra. Aceita, SENHOR, a espontânea oferenda dos meus lábios e ensina-me os teus juízos. Estou de contínuo em perigo de vida; todavia, não me esqueço da tua lei. Armam ciladas contra mim os ímpios; contudo, não me desvio dos teus preceitos. Os teus testemunhos, recebi-os por legado perpétuo, porque me constituem o prazer do coração. Induzo o coração a guardar os teus decretos, para sempre, até ao fim. Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei. Tu és o meu refúgio e o meu escudo; na tua palavra, eu espero." (Salmo 119.105-114)

5) Toda dor que enfrentamos tem o poder de capacitarmos para caminhar com outro alguém que sofre. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos. A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que, como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação." (2 Coríntios 1.3-7)

Em meio à dor, considere a possibilidade de ser usado por Deus para caminhar com alguém, compartilhando as lágrimas, os recursos, e descobrir as possibilidades. É grande o valor da palavra de alguém que pode dizer: “Eu já passei por isso também!”


CONCLUSÃO
Não adianta ficarmos buscando respostas. Poucas vezes as encontraremos. Se as tivermos, glórias a Deus! O fato é que quase sempre, pouco coisa faz sentido no presente.

Porém, a atitude deve ser crer no amor infalível e soberano de Deus, na liberdade que ele nos dá, nos desígnios dele. “Agora não compreendes o que eu faço, mas depois entenderás.” (João 13.7)

Coisas ruins continuarão acontecendo a pessoas boas, e coisas boas continuarão acontecendo a pessoas más. É ao que estamos fadados.

Eu creio, porém, que enquanto isso tudo acontece eu estou sendo preparado para ser colocado na glória eterna. Estou aqui de passagem. Sou peregrino! É para lá que vou.

E enquanto estou por aqui, quero viver para mostrar ao mundo que apesar no meio da dor, eu experimento o amor e a esperança que encontro em Deus.

“Por que dele, por ele e para ele são todas as coisas”, tanto boas quanto ruins. Que Deus abençoe a sua vida!

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